![]() | |
| Bruce Ivins estaria trabalhando em uma vacina para antraz (Foto: Frederick News Post) |
Um cientista americano que se matou na semana passada foi o único responsável pela série de ataques fatais com antraz ocorrida em 2001, apontam documentos do FBI (polícia federal americana) divulgados nesta quarta-feira.
"Nós consideramos (Bruce) Ivins a única pessoa responsável por aqueles ataques", disse o promotor federal Jeffrey Taylor, em entrevista coletiva, logo após a divulgação dos documentos.
O FBI cita, entre outras provas que incriminariam Ivins, o fato de que ele controlava sozinho a substância RMR1029 (usada nos ataques) e de ele não ter conseguido explicar as horas extras que passava no laboratório.
Os documentos indicam que Ivins tinha esporos de antraz com "determinadas mutações genéticas idênticas" àquelas usadas no único ataque biológico fatal a ocorrer em solo americano".
Segundo Taylor, o frasco RMR1029 foi "criado e mantido exclusivamente" por Ivins e ninguém podia ter acesso à substância sem passar por ele.
Ivins, de 62 anos, suicidou-se pouco depois de lhe dizerem que estava prestes a ser indiciado. O FBI estava sob pressão desde a sua morte para revelar detalhes da investigação.
Ameaças
O diretor do FBI, Robert Mueller, informou as vítimas e as suas famílias sobre as conclusões da investigação antes de abrir os documentos ao público.
O FBI cita ainda no caso contra Ivins o fato de ele ter ameaçado matar pessoas em sessões de terapia e ter descartado um livro sobre códigos genéticos após uma busca da polícia.
A identificação de envelopes usados para enviar o antraz também sugeriu que eles foram comprados num posto do correio em Frederick, Maryland, onde Ivins tinha uma conta.
O correspondente da BBC em Washington, Kevin Connolly, informa que, embora haja algumas provas científicas, como o frasco de RMR1029, boa parte do caso apresentado contra Ivins é circunstancial.
Cartas contaminadas com antraz mataram cinco pessoas e deixaram outras 17 doentes no único ataque fatal envolvendo armas biológicas nos Estados Unidos.
Os episódios abalaram a opinião pública americana, já traumatizada com os ataques de 11 de setembro de 2001, que mataram cerca de 3 mil pessoas.
As cartas foram enviadas a redações e políticos alguns dias depois de 11 de setembro.
Investigações
As investigações inicialmente se concentraram em um colega de Ivins, Steven Hatfill, que depois processou o Departamento de Justiça e ganhou US$ 5,82 milhões em indenização.
Os documentos do FBI dizem que Ivins se tornou o foco das atenções em 2007.
Um depoimento juramentado incluso no processo indica que Ivins disse a um colega que tinha "pensamentos delirantes, paranóicos de vez em quando" e "temia não conseguir controlar o seu comportamento".
Ivins também enviou um e-mail alguns dias antes dos ataques com antraz, dizendo que "os terroristas de (Osama) Bin Laden" tinham acesso ao antraz.
Segundo o FBI, a linguagem do e-mail era semelhante à usada nas cartas que continham antraz.
Ivins trabalhava para o Instituto de Pesquisa Médica de Doenças Infecciosas do Exército dos Estados Unidos (USAMRIID), em Fort Detrick, Estado de Maryland, e estava envolvido ativamente na investigação para encontrar os responsáveis pelos ataques com antraz.
ncG1vNJzZmivp6x7o67CZ5qopV%2BlvLPA1KCsnquVZLuwwMicoJqrX6jBsL7YaGlpaGhkfXl7j3FncWhmlK6vwNGasaKmpprAtbXGmpqap4%2BYtA%3D%3D
